sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A existência inexistente


29º C, um dia relativamente quente em brasília, esse calor faz que minha cabeça lateje e que minhas idéias sejam externalizadas, e que agora me encontro aqui, no ápice das minhas idéias, a escrita, que somente ela consegue me definir com enorme precisão. E em falando em definições, algo que me vem incomodando, a superficialidade das pessoas, assim como um livro, cada pessoa tem uma interpretação diferente sobre você, lhe põe adjetivos, estereotipa suas ações, se de um ou dois segredos e lhe define, e que com isso, acha que sabe sobre sua pessoa. O que me incomoda também é a incompreensão e a limitação do ser (a propósito, se você achar que tudo isso que escrevo é asneiras, sinta-se livre para fechar a página e voltar a olhar seu facebook e ficar no seu mundo das razões, sentir sentimentos frios e viver como ser ignorante) o que as pessoas não entendem é a profundidade de cada ser, os laços que se mantém pulsantes entre suas relações sociais, a nossa complexidade como indivíduo com um leque de opções para se viver, sentir, analisar, externar, guardar e outra infinidade de coisas que somente você por ser humano, você pode fazer.

Voltando a superficialidade, creio que ela acontece da seguinte forma, a partir do momento que você interage com uma pessoa, ela já cria um pré-conceito sobre seu perfil, lhe dá um nome e uma cara e compara com alguma experiência que já tenha vivido, e a partir que o laço vai se formando, desconstruções são feitas na opinião dessa pessoa, e mescla-se com os pré-conceitos e pronto! Aí está você para aquela pessoa, que se ela te descrever e você mesmo se descrever, verá uma discrepância entre sua descrição e a dela. Por isso existem muitas pessoas que tem problemas para achar suas identidades, pois, são tantas definições sobre você que é normal ficar perdido. E o grande problema, é saber que você não se conhece e muito menos o próximo, e ficamos em um grande teatro, onde cada um sabe sua fala, mas não entende o porque dela, nem tampouco porque está ali, sentado em uma cadeira, escrevendo um monte de coisas, falando besteiras e se fingindo de idiota. Por isso seria uma boa ideia perder minha consciência sobre minha existência, um ser ignorante, que está apenas ali para nascer, crescer, desenvolver, envelhecer e morrer, mas penso o quão chato seria isso, então prefiro ficar nas crises existencialistas e mudar uma realidade permutável.

Cada pessoa tem sua profundidade, o problema é que as pessoas não querem ser profundas, pensar dói, a ilusão é mais doce do que a realidade, e me irrita aqueles que pensam que o é real é aquilo que pode ser concretizado, não pensa nos reflexos das ações humanas, os sentimentos, as interações sociais, os laços, a existência por completa. Afinal, se o que penso é tão abstrato e fora do real, tente sorrir quando alguém que você gosta muito já virou as costas para você, ou nem sabe que você existe. Tente entender com sua razão metódica o porque que você acorda irritado sem saber o motivo, ou quando fica alegre com pequenas coisas. Sabe, penso que as pessoas não gostam de se mostrar, afinal o "eu" é grotesco, até você tem medo dele, imagine uma pessoa te descobrir que quando está sozinho, você chora, berra, dança, tira meleca do nariz!

Enfim leitores/as, peço-lhes desculpas se alguém aqui ficou ofendido, mas é uma opinião que não posso esconder, ultimamente ando bem estressado. Em suma, o que venho trazer aqui é a ideia que a realidade é a mesma, a perspectiva é diferente, faça-se em ti mesmo para que possas entender o mundo.

E para finalizar, um trecho do livro de Clarisse Lispector, a hora da estrela e uma música que resume isso tudo que eu quero passar:

"Eu sou sou sozinha no mundo e não acredito em ninguém, todos mentem, às vezes até na hora do amor, eu não acho que um ser fale com outro, a verdade só me vem quando estou sozinha" C. Lispector