terça-feira, 29 de novembro de 2011

Receios

Hoje foi um dia sozinho, salvo as ótimas conversas que eu tenho com minha amiga existencialista, que ela entende como me sinto e meus conflitos. Mas enfim, hoje senti falta de pessoas importantes para mim, a ausência delas me enfraquece, me desmotiva. Não me sinto completo, e tenho receio que isso venha ser um sentimento que me acompanhe nessa nova etapa da vida capitalista, esse monstro, que é quase visível a olho nu, resume toda a vida, todas as relações sociais, a busca de concretizações dos sonhos, a complexidade sentimental dos seres humanos a mera relações monetárias, a partir de agora, estou seguindo o caminho para o nada, é como se tivesse entrado em uma esteira gigante cheia de gente, com o final dela seja um abismo, e que a velocidade que ela se encontra é maior do que a velocidade das pessoas, apenas somos aquilo que movimenta essa esteira, não saímos do lugar, e se parássemos, somos levados para esse abismo. Nós nascemos, criamos o contato com fatores banais, como natureza, pessoas, cheiros, gostos e enfim, tudo que nós apreciamos, para que quando estivermos em idades produtivas, abdicar isso tudo para servir um modelo de produção, para que no final, você volte ao seu estado inicial, para recomeçar a viver. 
Todas essas necessidades e relações impostas pelo capitalismo são efêmeras, são para que você se sinta útil sendo descartável, essa busca incessante de vencer na vida, essa burrice de se seguir o modelo universal de vida, nascer, crescer, trabalhar, casar, filhos, cuidar, envelhecer, esquecer e morrer. É isso que o mundo quer que eu me torne? Um vazio? Um descartável para ser usado e facilmente substituível? Onde está a essência? Onde está meus sentimentos? Onde estão os laços que eu criei? Mortos. "Porque uma hora a gente tem que amadurecer e esquecer essas idéias revolucionárias, porque no mundo não se tem amigo de verdade, é só você por você." Se isso for amadurecer, que eu seja uma criança adulta, e que mesmo eu vir a viver na subsistência de uma vida medíocre imposta pelo capitalismo, aceitarei-me como liberdade, com a complexidade que sou, tentando de todas as formas resguardar o que há de humano em mim, tentarei valorizar as pessoas que amo, que desejo (e muito) compartilhar não só minha vida, mas quem eu sou. Quero construir meus laços pela pura simplicidade, sem que haja motivos ou interesses colocados nisso. Ser o agente ativo da minha vida, de escolher rumos por opções pessoas do que financeiras. Desejo sensibilizar as pessoas, não de maneira sensacionalista ou apelativa, mas por elas se descobrirem que existe um universo de sentimentos dentro de si, e outro universo paralelo que interage com ela que se chama mundo.
Efemeridade, esse é o fenômeno chave que desencadeia toda essa rede universal que nos conecta com tudo. É o que sustenta a produção capitalista, que não lhe deixa construir laços duradouros, que manda e desmanda nos seus sentimentos, que faz de refém sua liberdade, é o que lhe dá a certeza que você não irá viver. Qual é o motivo para seguir isso? Porque não levantamos contra isso? Porque temos que aceitar tudo que a vida nos impõe de cabeça baixa e sozinhos? Agora eu entendo meus conflitos idealizados de morte, morrer é mais do que uma simples função biológica, é você ser sua própria liberdade, toda sua conexão com o outro universo é desfeita e tem consolidado a única coisa que é eterna, você mesmo, porque está morto. Mas se há outra vida após da morte, se existe outros mundos, isso aí eu já tenho minhas dúvidas. Está perto da morte é ver de perto sua humanidade, é expor seus sentimentos trancafiados, é ver uma possibilidade de perda em que o dinheiro não vai lhe garantir sua vida ou a vida de quem você ama. Por isso, me mato todos os dias na minha mente, para que eu possa aceitar minha idealização e conseguir conviver novamente nesse mundo doente.
O que quero deixar a você querido(a) leitor(a), é que você realmente pense sobre o que está fazendo. Será que seus sonhos não foram plantados por uma necessidade que não é sua? Você precisa manter essa necessidade? Para onde você vai com isso tudo? São questionamentos que deixarei a mercê da história, assim como o conhecimento, ele é o que eterno e um agente transformador de vidas. Por agora, quero dizer que as pessoas que me motivaram a escrever isso, obrigado, a ausência de vocês hoje (e outros que já estão ausentes por mais tempo) me fizeram querer ter mais vontade em construir laços sólidos e duradouros, que seja resistente à efemeridade e ao mundo, e que cada um de vocês existe uma parte da minha essência, que só se completa com a única coisa que nos dá a certeza que somos humanos, o amor. Sim, estou chorando e eu amo vocês >_>'!

[Edit] Esqueci de botar uma música para resumir isso tudo! E nada mais profundo, existencialista e esquerdista do que Legião Urbana!


 

7 comentários:

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  2. Eu sempre acreditei em opções. Se o tempo que eu perco for para isso, considere perdido. Quero ser a pessoa que se molde conforme o mundo, e não o mundo me moldar. Assim o processo se torna menos dolorido.

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  3. Senhor, serás o Marx do século XXI

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  4. Tirando a parte em que o autor fala mau do capitalismo, ficou bom. ( ;

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Bem legal e reflexivo seu texto. Mas não sofra, procure viver da melhor forma possível.
    Você é um ótimo rapaz, sei que vai longe se quiser. Eu confio em você, e acredito que as pessoas que te amam também. Tenho muito orgulho de você. :)

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  7. Obrigado Lindy, é muito bom saber disso! Obrigado, suas palavras são importantes pra mim >_<!

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