Dentro das primícias humanas, está o
egoísmo, o sentimento instintivo de mantê-lo "confortável" ( isso
depende de sua concepção de conforto). Visto como a parte maléfica e fétida do
ser humano, é por muitas vezes mal incompreendida, pois, não há indivíduo que
não fora corrompido pelo seu próprio mal. Tive que me ausentar da minha base
emocional e sentir intensamente o quão egoísta somos. Arranquei-me todas as
máscaras sociais, encarei-me no espelho, desfiz minhas mentiras e idealizações,
e por fim, deixei fluir na minha essência essa putrefação, sem
nenhum empecilho ou dosagem. Compartilhar era a ação mais inteligente a se
fazer, acontece que só compartilho o pós-analisado, não há como compartilhar
meus conflitos internos se nem mesmo eu conseguia adaptá-lo para que possa ser
compreendido por palavras, a intensidade que senti esse egoísmo foi o
suficiente para fissurar todas minhas ferramentas de controle emocional, já não
agia com maturidade, e sendo assim, não conseguia isolar esse sentimento para
que não atrapalhasse minha esfera real, esqueci-me das construções que fiz nas
pessoas, não desejava compaixão e nem tampouco misericórdia de relações
metafísicas, esse foi o único conflito que mantive sozinho até certo
ponto. E porque não pude compartilhar esse conflito? Quais eram
minhas justificativas para que saísse da minha estabilidade? Mas porque
permiti-se a isso?
Atentar-me-ei a essas respostas, de
modo que você leitor(a) entenda o egoísmo de maneira plurilateral, e tire suas
conclusões após de ler, o seu julgamento ínfimo da dualidade "certo e
errado" será desconsiderado pelas palavras que hão de vir, se for ofensivo
demais, pare de ler, assim será preservado o seu egoísmo. Após a minha
frustração (o que desencadeou esses fatos), mantive minhas ideologias vivas,
estaria presente nos momentos importantes às pessoas que cativo,
independentemente da situação que estiver. Acontece que estava lidando com o
desconhecido, confiei na minha maturidade e mantive um nível aceitável no
antagonismo sentimental que me encontrava, de fato, senti a felicidade alheia,
um alívio e até mesmo um certo conforto em saber aquilo se traduzia em soluções
de problemas e conquistas futuras, senti o abraço apertado e lágrimas de
desesperançosos, tive uma euforia indireta. Mas nesse exato momento, acontece
esse sentimento instintivo, sua tristeza e frustração é tão grande quanto à
felicidade alheia, e por sermos egoístas, oferecemos nossa compaixão a quem
está nessa situação, e o outro não consegue sentir a felicidade alheia por está
ocupado demais sentindo suas dores. O antagonismo sufoca, e por esse motivo,
isolei-me. Mantive-me por alguns dias sendo minha própria cela, estava me
protegendo da realidade. Expressava egoísmo em não compartilhar, e as pessoas
ao meu redor expressavam o de não compreender, a compaixão estava exalando nas
suas intenções, a frustração estava nas minhas. Estávamos em um ciclo vicioso,
ninguém entendia ou sentia de fato o sentimento alheio, e meu maior medo
bateu-me a porta, eu realmente estava sozinho, isolado na minha esfera
existencial, sufocado por não conseguir expressar, frustrado por não aceitar e
compreender, e temeroso pela solidão. Foi o estopim da bolha existencial, já
não sabia como agir com as pessoas, minhas ações foram se mecanizando, minha
maturidade estava inútil, e ceguei-me, deixando o egoísmo corroer minhas
ideias, a minha idealização (essa ação de "idealizar" é pegar os
fragmentos de uma realidade [ou ela inteira, como foi no caso] e trazer para o
campo existencial) que antes transmitia harmonia e gentileza, estava cheio de
ódio e futilidade, idealizei cada ação das pessoas que cativo, como elas deveriam
agir, o que falar, como se comportar, e isso foi alimentando o egoísmo. Quem
sou eu para dizer isso? Não há como cobrar deles um posicionamento que seja
compatível com que idealizo, porque afinal, cada um deles tem sua maneira
distinta de lidar com a dor, seja a deles, seja a minha.
Já cansado, optei por manter-me
afastado, e planejei toda minha trajetória dentro da solidão, estava tão cego,
que realmente acreditei que podia lidar com isso, e que isso era altamente
aceitável, traí minhas próprias ideologias. Foi quando pequenas ações foram
tomando espaço nessa putrefação, ouvir um sermão que você já deu em alguém é
algo estranho, ainda mais quando for a própria pessoa a quem deu. Isso foi um
rompimento nessas emoções hostis, e mais tarde, uma conversa decisiva pois fim
a essa podridão, e na mesma noite, externalizei da maneira que gostaria de
fazer, permiti sentir e logo depois expurgar o egoísmo, naquele momento, estava
sendo ensinado pelas pessoas que ensinei. Estava compreendido. Mas ainda, não
respondi a terceira pergunta, porque afinal permiti-me a isso? Porque fui tão
longe? Porque para que eu possa tomar o controle de mim, eu preciso do meu
descontrole, viver de forma intensa, como optei, sem tolerar compaixão ou jogar
minhas angústias em deuses, e assim, ver e sentir claramente uma pequena parte
da capacidade do egoísmo humano.
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