Adentrei profundamente em análises e
questionamentos inquietantes sobre a realidade e o modo que a interpreto, tive
que entrar nas concepções de Marx, Engles, Durkheim, Platão e Heiddeger para
que finalmente tivesse uma visão mais ampla dos acontecimentos externos e
internos. Mantive-me em cativeiro até completar meu ciclo conflituoso para
expô-lo da maneira mais clara possível, pois acredito que o(a) leitor(a) irá se
identificar e se sentir instigado(a) a pensar e criticar o meu posicionamento.
Enfim, pude gritar "eureka", acabei de descobrir de forma mais coesa
no que se baseia a sociedade, os reflexos causados por essa base dentro do
mundo essencial (ou mundo das ideias) e o que quais as ações que os indivíduos
tomam ao adquirir consciência desses problemas.
O primeiro questionamento que fiz foi
em relação dos reflexos da nova realidade sobre meus laços afetivos. O grande
temor era de torná-los superficiais, e gradativamente, desvanecidos pela
situação. Como então manter o processo construtivo dos meus laços? Quais são os
fatores que dificultam a interação? Como resolver isso? Bem, primeiramente,
tive que entrar em uma análise de viés positivista, o pensamento Durkeiminiano
do fato social coercitivo, e outra Marxista, a adesão da ideologia opressora e
seus reflexos dentro do modo de vida dos indivíduos. Nota-se a necessidade das
pessoas realizarem suas obrigações para alcançar seus objetivos, expostas a
rotinas enfadonhas, tornando o convívio social pragmático. Eu fui testemunha
disso, era como ter um temor de mim mesmo, olhava-me no espelho e me oprimia,
sentia-me sufocado, não tinha tempo de pensar sobre o que estava acontecendo
internamente, eu apenas via as pessoas colocando seus problemas atrás das suas
máscaras, é como se elas começassem a pregar em seus rostos, e que a cada dia
que passava, ficava mais difícil retirar isso. E quando notei, eu também estava
com a minha máscara, mais densa, mais forte, como se ela quisesse retirar a
minha humanidade e consciência. Cheguei ao limite de me sentir vazio, uma besta
cheia de informações e quase nada de sentimentos, e das vezes que tentei
retira-lá sozinho foi extremamente frustrante, pensei que fosse aceitar aquilo
tudo e deixar aquilo me consumir. Foi quando estive bem perto de perder alguém
existencialmente, todos aqueles sentimentos “extraviados” foram surgindo de uma
vez, dor e indignação, chorava tanto por ser impotente, de ver por um fio toda
a construção que fiz a ser demolida. E a culpa foi de quem? Minha? Dessa
pessoa? Não, foi de toda uma coercitividade, estávamos tentando atender da
melhor maneira o modelo, de não sentir para produzir. Tínhamos em mente a
individualidade e o egoísmo, que sempre nos é estampado, “independência
financeira, alto nível de intelectualidade, VENÇA NA VIDA”. No mesmo dia, chegamos
às conclusões que não era possível negar a própria essência, somente cativar o
que já estava construído, naquele momento, senti-me revigorado, com ódio e uma
vontade imensa de priorizar as pessoas e viver na simplicidade.
Foi
quando eu percebi que a superficialidade começava a invadir meus
relacionamentos e pensamentos, sinto-me tão oprimido por essa ideologia
dominante por essas necessidades insanas de se submeter ao sistema, por que eu
tenho que aceitar essas condições se o que mais valorizo na vida não se vincula
e nem se assemelha a essa ideologia? Quem decidiu as importâncias? Fiquei tão
sufocado que me rendi às superficialidades, que era a única coisa que poderia
viver em um curto período de tempo. Foi quando senti uma sensação estranha nos
meus laços, ao mesmo tempo em que eles se apertavam, ficavam mais finos, ou
seja, eu sentia a vontade de cada um de permanecer unido e também sentia a
superficialidade criando espaços mais fortes. Isso era tão absurdo de se pensar
pelo medo de tê-los por conveniência ou somente pelo tempo que construí aquele
laço. Consegue enxergar, Leitor(a)? À medida que você entra na idade produtiva
a cobrança por está nela é muito maior, a pressão de todos para que você
construa algo sólido e rentável lhe dá uma sensação de obrigação, para que não
pense em coisas que não lhe tragam algum resultado “útil”. Olhe o tanto de
reflexos, de como esquecemos nossas vontades e aderimos outra que é refém de um
capital, seja ele cultural, ou econômico.
Todos esses conflitos me deram uma
profunda reflexão e necessidade para uma nova concepção do meu ser, dos meus
laços e da sociedade no qual estou inserido. Toda essa estrutura se baseia no
equilibro dos antagonismos entre eles, ou seja, o meu ser, que deseja existir
de forma livre e intensa, está submetido aos laços formados, que detém o poder
de deixá-lo existir, e que, por sua vez, todo esse conjunto está submetido ao
fator coercitivo da sociedade, que não deixa o ser-em-si e nem os laços
formados se desenvolverem e fortalecerem de modo aleatório. Os conflitos dessas
partes se cessam quando alguém cede mais ou menos espaço no campo, por exemplo,
esquecer toda essa baboseira, fecha-se para o mundo e apenas viver na funcionalidade
do seu objetivo, isso iria “superficializar” suas relações sociais e ser
valorizado pela sociedade, ou ao contrário, entender que isso é importante e
desvalorizar a ideologia opressora, sendo afetado pela sociedade e tendo como
referência suas construções dos seus laços (e outras coisas) no mundo das
ideias. Particularmente, leitor(a), tento acabar com esses antagonismos despertando
nos meus próximos a capacidade analítica e a sensibilidade, pois, para mim,
tendo essas ferramentas, é possível o indivíduo pensar em sua realidade de
forma racional e sentir de maneira intensa os reflexos causados desses
conflitos. O meu receio não é que todos tenham os mesmos sonhos, mas é que
todos tenham seus sonhos presos a um fator, pois, a partir do momento que não
posso ser livre no sonho, não posso afirmar que sou eu que estou sonhando. Em
suma, quero deixar proposto um novo tipo de saber, que não seja baseada nas
maneiras tradicionalistas de construção do pensamento, nem sujeito ao idealismo
e nem no empirismo, mas que sejam fundamentados em novos e diferentes conceitos
para a compreensão abrangente de toda a realidade social e existencial.
E com vocês, Raul Seixas!
E com vocês, Raul Seixas!
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